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Poesia de duas faces: segunda parte

  • Foto do escritor: romantismoabrasile
    romantismoabrasile
  • 17 de nov. de 2015
  • 2 min de leitura

Aqui está como prometido a segunda parte resumida da poesia.

No segundo momento de Lira dos Vinte Anos, há uma inversão das diretrizes poéticas. Em vez do céu, há a Terra; no lugar da alma, o espírito; substituindo o anjo, a lavadeira, cujo corpo atrai para o pecado. Passa-se do lamento choroso para a ironia sarcástica.

Essas alusões são claramente enunciadas no prefácio da segunda seção. O poeta, lucidamente, aponta ao leitor as mudanças e apresenta até o panorama literário da época, citando importantes autores e obras que se colocam no interior da mesma dicotomia. Suas palavras:

“O poeta acorda na terra. Demais, o poeta é homem. Homo sum, como dizia o célebre Romano. Vê, ouve, sente e, o que é mais, sonha de noite as belas visões palpáveis de acordado. Tem nervos, tem fibra e tem artérias – isto é, antes e depois de ser um ente idealista, é um ente que tem corpo. (...)”

A reiterada afirmação do corpo, que se opõe ao espírito, indica uma mudança poética substancial. O poeta vai agora tentar descer ao mundo das coisas e tratar com humor – e não tristeza – de sua inadequação em relação a elas.

Apesar da mudança no tom, os temas continuam os mesmos: a irrealização do desejo amoroso, o conflito entre o eu e o mundo, a fuga para a morte. Tudo tangido por um prosaísmo mundano. Objetos do cotidiano do poeta, como um charuto, um cachimbo, o vestido de chita, um cigarro sarrento, ganham direito à existência poética.

O poeta foge para o estereótipo de um mundo real, ou seja, um mundo que existe, mas que de fato não é o seu. Sabe-se queÁlvares de Azevedo era um filho de família rica que nunca passou por privações materiais. Por isso, ao tentar figurar a realidade das classes menos favorecidas (como nos poemas em que fala do amor a uma lavadeira ou do poeta sem dinheiro), opera, em outros moldes, uma idealização semelhante à da primeira parte. Em outras palavras, quando o poeta tenta romper com o misticismo da primeira parte, cai numa idealização às avessas, pois ainda se encontra preso às formas impostas pela estética romântica.


 
 
 

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